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Google is watching you

Cecilia Fernandes em 28/05/2007

Um projeto da Google já causa polêmica antes mesmo de sua própria implementação. O próximo passo divulgado da gigante será criar bancos de dados pessoais com informações de cada indivíduo que aceitar esses termos – provavelmente agregando ao seu sistema de buscas o software da recém-adquirida DoubleClick.

Para quê isso?

A idéia é que, no futuro, você possa perguntar para o Google que passeio você pode fazer hoje ou que trabalho você deveria escolher e obter as respostas baseadas nas informações que a Google recolheu sobre você durante suas navegações na internet.

No “Data Protection Act” (DPA), a Google diz que coletará apenas informação voluntária e usuários serão identificados pelo nome somente se logarem em serviços Google. Também consta no DPA que as informações serão usadas apenas para o fim proposto e haverá um período limite de tempo no qual as informações pessoais ficarão armazenadas.

Imagine buscar informações sobre férias no Google e receber uma busca personalizada que prioriza os destinos pelos quais você se interessa e, com ele, cotações de preços em agências. Genial, não? Segundo alguns, não.

Mas qual é o problema?

Os críticos – por que não dizer – extremistas dizem que esse é um grande passo em direção ao Estado Orwelliano descrito no livro “1984″, aquela história do Big Brother is watching you – e não, não o reality show.

Eles clamam que a iniciativa da Google fere as liberdades das pessoas por obter informações e lucrar sobre isso, e põem em dúvida a imparcialidade do programa, que pode sugerir uma opção patrocinada em vez de a melhor.

Além disso, dizem que esses bancos de dados seriam uma quebra de privacidade caso órgãos do governo obtivessem acesso a eles por alguma razão legal.

A fundamentação sempre parece mais interessante quando uma fonte literária é citada. Contudo, vê-se uma clara fragilidade nos argumentos da crítica.

A Google não quer criar 1984

A agregação de informações pessoais não é novidade para nós. Toda vez que nos cadastramos em lojas ou usamos cartões, essas informações são armazenadas e utilizadas mais tarde para oferecer serviços e produtos a um público mais próximo do alvo. Mesmo o passo de armazenar as buscas não é recente – vide Sponsored Links na própria Google.

É óbvio que a Google pretende lucrar sobre isso, qualquer empresa visa lucro. E sim, ela pode ser parcial e mostrar primeiro os links que dão algum lucro para ela, mas certamente indicados em cor diferente com o aviso “Sponsored Link” como acontece atualmente.

Quanto à obtenção de informações pessoais por medidas legais, a Google já se mostrou bastante confiável para quem a utiliza, até enfrentando problemas judiciais – inclusive no Brasil. E, convenhamos, se há uma medida legal que determina a quebra de sigilo das informações de uma pessoa, deve haver um motivo para tanto. Vão olhar seu banco de dados na Google, ok, mas também sua conta de telefone e sua conta bancária. Vai mesmo se preocupar com suas buscas na internet?

Além disso, o recolhimento de informações é voluntário. Cada pessoa pode ou não permitir que suas buscas sejam armazenadas. Isso é liberdade de escolha: você opta por armazenar suas informações pessoais e obter buscas mais eficientes e sugestões ou por continuar com buscas normais e não ceder seus dados.

Vemos extremistas em todos os lugares, mas uma reação comparando uma ferramenta de aprendizado ao Estado totalitário e sem privacidade narrado por George Orwell em 1949 extrapola qualquer barreira de sensatez.

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