Linux, Open-source, Programação e Produtividade

A importância do Ubuntu

Jonas Abreu em 13/05/2007

Outro dia estava voltando para casa de trêm, quando ouvi uma discussão muito interessante. Dois homens com entre 25 e 30 anos estavam conversando sobre Software Livre. Mais especificamente, sobre a distribuição linux Ubuntu, que um deles tinha instalado em seu micro, gostado, e agora fazia propaganda para o outro. Achei aquela conversa realmente inusitada. Até aquele momento eu não tinha notado até onde o software livre já tinha chegado.

Para mim, Software Livre (mesmo com toda a divulgação) ainda era algo que estava muito distante do dia-a-dia das pessoas. As vitórias obtidas até agora pelo movimento não pareciam atingir em massa as pessoas. As pessoas ainda querem algo “bonitinho”, mesmo que funcione muito mal (ou nem funcione).

O movimento sempre pensou muito mais na qualidade do software do que em sua aparência. Eu (estudante de computação), acho genial poder fazer tudo que eu queira com o meu micro sem nem mesmo aproximar-me do mouse. Amo teclas de atalho e aliases. Mas e uma pessoa que usa o micro apenas para fazer planilhas e acessar a internet? Por melhor que seja o lynx (que já me ajudou muito), ele deixa a desejar no quesito gráfico. Então, o que fazer? Temos o firefox, rodando sobre o X. Maravilha. Isso resolve a maioria dos problemas. Basta juntar o OpenOffice ou o BrOffice e praticamente tudo está resolvido. Noventa porcento das tarefas diárias de uma pessoa (que não depende do micro para viver) já pode ser realizada.

Mas qual o problema então? O problema é exatamente chegar a esse ponto. Mais precisamente, chegar ao ponto em que você tem o X rodando e um bom gerenciador de janelas (O meu preferido é o blackbox, mas nesse caso me refiro ao Gnome ou KDE). Eu concordo com a filosofia de que é muito melhor mastigar abelha do que beber mel. Acredito que isso nos leva a uma maior compreensão das ferramentas que estamos usando (inclusive as eventuais ferroadas que você vai tomar na boca). Mas isso exige muito do usuário – e não são todos dispostos a isso. Como eu disse, a maioria das pessoas apenas deseja fazer as planilhas de sempre e acessar a internet.

Mas como elas não estão nem um pouco interessadas em ferroadas, não irão fazer nada que exija mais do que responder a perguntas simples como “Em que pasta gostaria de instalar o aplicativo Y?” e apertar um botão escrito “próximo”. Por isso, é necessário que o Software Livre também possua essa face. E o Ubuntu é a distribuição linux que melhor compreendeu este problema. O antigo Mandrake (que se fundiu ao Conectiva, gerando o Mandriva) fazia a intalação sozinho, mas realmente não era uma distribuição linux muito agradável (além de demorar milênios para ser instalado).

O Ubuntu, por sua vez, além de fazer a instalação toda praticamente sozinho (inclusive o particionamento do disco rígido), é uma das distribuições linux que melhor detecta o seu hardware. Esse poder é tanto que, quando eu não sei a especificação de um determinado hardware, eu simplesmente inicializo o micro pelo LiveCD do Ubuntu e vejo qual é. Toda essa facilidade promovida pela distribuição é uma verdadeira pérola para o movimento. Com ele, qualquer pessoa pode simplesmente começar a adentrar no mundo do software livre, que ainda está muito afastado do cotidiano da maioria da população. Depois de instalar linux pela primeira vez, ele começa a ter um maior contato com todo o movimento, a ponto de passar a fazer parte dele e não ser apenas mais um espectador externo que pensa “Estou muito velho para aprender isso…”.

Acredito que todo o movimento do software livre pode aprender com os passos do Ubuntu. O Software Livre DEVE ser de alta qualidade, mas não devemos esquecer que também pode ser bonito. O Beryl e o Compiz são exemplos disso, também. Nem sempre o melhor é escolhido. Na verdade, na maioria das vezes o mais bonito é escolhido. E isso é ainda mais forte no mundo do software livre, que, para muitos, é algum tipo de “tecnologia incompreensível que apenas geeks e técnicos sabem como usar”.

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